terça-feira, 26 de março de 2013

Viajar tem um quê de boas lições


Estaria mentindo se dissesse que dirigir em viagens de carro é o que eu mais gosto de fazer nos fins de semana, mas também mentiria se dissesse que não gosto. Na verdade, tem dias que gosto muito e tem dias que prefiro a janelinha do carona. O ponto é que na minha mais recente viagem, fui em parte passageiro e em parte motorista. Dividido entre ida e volta.
Na ida, tive tempo de olhar ao redor, observar detalhes que não se observa quando se está focado em carros e setas. Pude assistir o momento em que passamos embaixo de uma nuvem que chovia, vimos nitidamente o início e o fim da tempestade.
Foi difícil não pensar em vida.

"Eu posso tá completamente enganado
Eu posso tá correndo pro lado errado,
mas a dúvida é o preço da pureza
e é inútil ter certeza."


Dizem por aí que a vida é uma estrada. Chega a soar idiota. Existem coisas que de tanto ouvirmos, acabam se tornando triviais, passam batidas. Mas sempre é bom vivenciar uma metáfora, nos dá uma sensação de Opa, estou aprendendo na prática! sem igual. A vida é uma estrada que a gente segue de várias formas, ás vezes paramos para abastecer, recarregar. Passamos por tempestades e tempos bonitos. Paramos em um lugar, partimos para outro, cruzamos com outras estradas, outras histórias. E pra quem vive sempre no seu cantinho, a vida é uma estrada que passa na sua calçada, onde você pára no final da tarde para observar o movimento.
Acho que ir de carona abriu minha cabeça para a volta e busquei a poesia em meio ao caos que é lidar com outros motoristas. Tudo ficou romântico, inclusive a matemática.
Cálculos de ultrapassagem. Será que dá?
E os quilômetros que faltam? E se a gente continuasse? Até onde chegaríamos com o que temos de gasolina?

A luta por uma rádio com boa sintonia é uma das melhores. E quando encontramos uma rádio bem sintonizada, será que o setlist está em simetria com a cultura local?
Certo que não.

Já é a segunda vez que preciso ouvir um jogo pelo rádio do carro em uma viagem. Infelizmente, a cultura das capitais vem se transformando e eu venho me transformando com ela. Perdi o costume que já foi o do meu pai e do meu avô.
Acredito que existam várias partidas diferentes em um mesmo jogo de futebol.
Dentre várias, destaco algumas. Temos a partida vista do estádio, temos também a partida nas resenhas esportivas, aquelas das tais mesas redondas. Sem contar com aquela ótima, que rola nas mesas de bar. Existe também o jogo televisionado, onde podemos ver cada detalhe, onde os olhos nus são vestidos.
E existe aquela, que pra muitos é a mais romântica partida de futebol que existe, a partida transmitida pelo rádio. Nela, o bom jogador vira craque, o mal jogador vira perneta e a bola isolada vira Uhhhhhh!!!
Recomendo às novas gerações.

Nas paradas da viagem também há poesia. Você faz amigos, troca umas referências de bons destinos para outras possíveis viagens e voilà, fim de amizade.
Aperto de mãos (foi um prazer), um bater de portas, uma buzinada (até a próxima) e pronto, cada um segue a sua vida.
Sua estrada.

"Se alguém quiser desviá-lo do bom caminho, não o acompanhe:
siga a estrada reta do bem, pois só assim
conseguirá ter alegria em seu coração.
Estude o mais que puder,
ouça os conselhos de seus pais,
seja puro e sincero em suas afeições,
pois assim construirá uma vida nobre
e digna."

 - Minutos de sabedoria
(gentilmente cedido pelo meu saudoso vô Dodão.)

Um comentário:

  1. Amante de um bom rádio assim como eu.
    Fato de que nas estradas nunca a Rádio vai ter simetria com o que você passando na hora, na viagem, por isso gosto de montar meus setlists antes de partir em viagem.
    Antes de ir entro em "transe" visualizo a estrada, locais e assim monto todo o quesito musical. É Batata pensar na vida e como ela é.

    Como sempre ótimo post. Estou precisando de uma viagem, mas a minha é sozinha e muito mais interior do que exterior.

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