terça-feira, 24 de junho de 2014

Feitos um pro outro, feitos pra durar.




Por um instante, me veio à lembrança os meus óculos perdidos.
Um no cinema, outro no ônibus.
Todos no tempo. 

Uma caneta pode encontrar novos poetas, um pincel, novos pintores; um livro, novos interessados; mas um óculos...
Óculos foram feitos exclusivamente para você e por mais que haja a possibilidade matemática, duvido que eles encontrem alguém que enxergue o mundo como seu legítimo dono, literal ou figurativamente falando.

Por um momento, me bateu uma tristeza profunda em pensar em cada pobre conjunto de armação e lentes. Sem dono, sem case, sem função.
Sem dar ares intelectuais a ninguém, sem ler bons livros, sem assistir bons filmes, sem olhos nos olhos, sem flerte, sem enxergar a verdade e a mentira nas pessoas, sem o gosto da dúvida, sem lágrimas ou sem se mover pelo sorriso.
Sem beijos no chão, sem amassos na camisa, sem pique-esconde.

Sem saudade.
Sem reencontro.
Eles seguem,
sem vida.




quarta-feira, 26 de março de 2014

26 de Março, meu presente antecipado de todo ano.



Há exatos 15 anos, ao meu lado, em uma sala de espera, minha avó não dizia nenhuma palavra compreensível. De cabeça baixa e olhos marejados, ela apenas sussurrava alguns pedidos aos ouvidos de Deus.
(Desconfio nunca encontrar mulher mais próxima de Deus do que minha vó.)

Do outro lado da sala, meu pai(drasto) Américo caminhava em círculos e, vez por outra, parava aos pés de uma imagem de Sant’Ana para buscar conforto.

Minutos depois, outra Ana estava entrando em um sala de cirurgia, a Cristina, minha mãe, que estava indo dar a luz a mais uma Ana, a Caroline, minha irmã.
(E meu pai, teria pela segunda vez, a sensação de ser pai pela primeira vez)

Não lembro se os adultos me situaram dos riscos e preocupações, mas acho que ouvi nas palavras inaudíveis da minha vó, e enxerguei no caminhar inquieto do meu pai que a situação não era tão simples como eu imaginava.

Eu tinha apenas 11 anos, e apesar da minha cabeça estar mais próxima do chão naquela época, ela vivia em lugares bem mais altos e distantes que os de hoje.

Na minha visão era tudo muito simples: nós iríamos a um hospital, minha mãe tomaria uma injeção, dormiria, abririam sua barriga, tirariam minha irmã, fechariam sua barriga, minha mãe acordaria, cuidariam delas por mais dois dias, depois iríamos pra casa e pronto. Após 11 anos eu deixaria de ser filho único e ganharia alguém pra vida inteira.

Fácil, né?
E foi. Graças a Deus.

Lembro que me ergueram na hora exata em que o mundo ganhou a minha irmã de presente. Foi uma das cenas mais impressionantes que já vi na vida.
Minha vó, minha mãe e eu havíamos passados momentos difíceis pouco tempo antes, e aquele choro foi para todos nós, a prova de que a vida tinha voltado aos trilhos. 
Alguns minutos após o parto, minha irmã cansou de chorar,  abriu os olhos e então foi sua vez de ganhar o mundo de presente.

Os dias passaram como minutos, os anos como horas e, de repente, cá estamos, vendo essa menina completar 15 anos, e sofrendo todos os tormentos da idade; a formação da personalidade, os anseios, os garotos, as boybands, o início das dúvidas sobre carreira e claro, as  inúmeras certezas – E convenhamos, ninguém vai ter tantas certezas quanto aos 15 anos.
(Talvez aos 18, mas essa é outra história)

Por hoje, te desejo toda a felicidade do mundo, desejo também que você continue sendo essa menina carinhosa e inteligente, e que aprenda desde cedo a estudar a vida, compreenda que cada erro e acerto é uma aula. Não perca sua determinação.
Você não sabia disso na época, talvez não saiba disso até hoje, mas você quis ter como primeira palavra meu nome, que não é dos mais fáceis para se pronunciar.
Em algum momento você colocou na sua cabeça que chamaria seu irmão de Vinícius e assim o fez. Bastou você balbuciar “I-íciu” para mudar todo o meu mundo.
Por isso, não perca sua determinação. Você ainda vai mudar o mundo de muita gente por aí graças a ela.
Principalmente o seu.

Te amo!



quinta-feira, 20 de março de 2014

Verde Blues




Não existem olhos mais lindos que os dela.
Poderia passar horas encarando-os, mas ela não gosta. Ela briga.
E eu adoro quando ela briga.

Ela também é muito compromissada, e me arrasta para seus compromissos.
Poderia odiá-los, mesmo que fossem só festas de meninas, com fofoca de meninas, com piadas de meninas e risos e cochichos e bolsas e sapatos...
Mas eu estaria com ela.
E eu adoro estar com ela.

Ela é pratica,
Eu sou romântico
Ela adora isso em mim, mas não confessa
Eu adoro isso nela, mas não assumo.

Eu adoro tanto ela
que a amo.
E eu a amo tanto
que me apaixono, quantas vezes forem necessárias
Só pra poder continuar amando e adorando e curtindo e sonhando e realizando e vivendo.
Quantas vezes forem necessárias.

A ela,
por nós.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O valor do (con)tato.


Poderia ser muito bem o cheiro de cabelo limpo, ou os lábios que parecem ter sido desenhados para engolir os meus, mas não.
O que faz ela mexer tanto comigo tem a ver com encontro, com calor, com ódio e com amor. Tem a ver com sedução, dedução.
Parece que cada detalhe do seu abraço é premeditado. Impossível alguém abraçar daquele jeito sem planejamento prévio.
Mas ela sai por aí, abraçando impunemente. Por quê? Que injusto!
Talentosa.
Gostosa.
Ela está três coquetéis da mais pura vodka a frente do resto da humanidade.
Não importa a quantidade, a qualidade sobrepõe.
Ela não desperdiça.
Seus dedos acertam o ponto certo já no primeiro toque, conhecem o caminho de outras vidas.
Suas mãos nasceram pra isso.
Levaríamos horas programando cada detalhe para provocarmos o que ela provoca sem querer, no tato.
Como um pianista perseguindo sua musa, ela me embala.

Não é amor o que sinto por ela,
mas é gostoso demais para chamar de tesão.