Um no cinema, outro no ônibus.
Todos no tempo.
Uma caneta
pode encontrar novos poetas, um pincel, novos pintores; um livro, novos
interessados; mas um
óculos...
Óculos foram feitos exclusivamente para você e por mais
que haja a possibilidade matemática, duvido que eles encontrem alguém que enxergue o
mundo como seu legítimo dono, literal ou figurativamente falando.
Por um momento, me bateu uma tristeza profunda em pensar em cada pobre conjunto de armação e lentes. Sem dono, sem case, sem função.
Sem dar ares intelectuais a ninguém, sem ler bons livros, sem assistir bons filmes, sem olhos nos olhos, sem flerte, sem enxergar a verdade e a mentira nas pessoas, sem o gosto da dúvida, sem lágrimas ou sem se mover pelo sorriso.
Sem beijos no chão, sem amassos na camisa, sem pique-esconde.
Sem saudade.
Sem reencontro.
Sem reencontro.
Eles seguem,
sem vida.
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