quarta-feira, 25 de maio de 2016

Concorrência, inspiração e títulos. Poderia ser publicidade, mas que bom que era futebol.


Foi uma noite daquelas que nos deixam encurralados entre os clichês jornalísticos e a parede. Apesar da fabulosa média de criativos talentosos por metro quadrado, o roteiro não poderia ter sido escrito por nenhum dos presentes. E os deuses do futebol (sim, os caras!) com certeza estavam pregando suas peças. E não eram coisas que seriam debatidas em uma mesa de bar na tarde seguinte. Estava lá, na cara de todos nós, jogo a jogo, lance a lance, para quem quisesse ou não ver.

Não merecíamos ser campeões. Não da forma tradicional, pelo menos. O título veio a quem era prometido. Nosso torneio foi um torneio a parte, com classificação para a segunda fase conquistada no último minuto, do último tempo, do último jogo e em cima do maior favorito e futuro primeiro campeão da competição - que sairia invicto se não fosse essa pequena intervenção dos caras (sim, os caras!).
As pequenas lições, em grupo ou individuais, também fizeram um espetáculo a parte. No meu caso, aprendi coisas que - quando evidentes - algum talento e um bocado de salto alto nunca teriam me deixado aprender. E esse aprendizado reascendeu em mim aquela velha chama que há tempos virou brasa. Entre bons e maus momentos, nunca tinha me sentido tão bem com a bola desde os tempos de moleque (mas isso é papo pra outra hora).
Em resumo: nada como ver um amor antigo por um prisma novo. 

Ah! E tudo isso sob o olhar atento e atencioso de um faixa-preta do esporte, Jairzinho, o furacão de 70.

Foi o primeiro prêmio que ganho ao lado desses caras. E com certeza ficou o gostinho de quero mais.
O ano ainda reserva novas oportunidades, também em outros gramados, onde estamos um pouco mais entrosados. A filosofia de trabalho é a mesma: coração e talento. Sorte e trabalho. Bom humor e bom senso.
Ambidestria a torto e a direito.

Seleção ambidestra

Jairzinho Furacão
Felicidade clichê

O bom e velho falar é prata, calar é ouro.


Em algum momento nos últimos anos, nos esquecemos do valor que o silêncio tem. Também esquecemos da beleza que tem a introspecção, e que em um diálogo, o hiato entre o que se ouviu e o que vai ser dito, quase sempre é a melhor parte. 

Se eu pudesse listar a quantidade de vezes que me peguei sem palavras em uma conversa, saberia o momento exato em que aprendi que, às vezes, não saber o que dizer pode ser nossa resposta mais sincera.

Pra quem anda desabafando quase que diariamente aqui no Facebook, o raciocínio pode parecer, no mínimo, contraditório. Mas se ajuda a dar crédito, saiba que ele ocorreu quando eu estava em silêncio, naquela introspecção que só a arte ou o barulho da chuva podem trazer.

No caso foi arte.



Um hematoma novo a cada tiragem nova.

É pelo menos um soco no estômago cada vez que lemos as notícias. Somos espancados todos os dias, de todos os jeitos, por todos os lados. 7x1 foi pouco. Vivemos em um sistema afundado até o talo em lama e podridão. Salvo alguns, nossa imprensa é podre na mesma medida. E ainda querem que a gente escolha um lado. O ruim ou o pior? É uma briga entre torcidas. A partida pouco importa. Só querem uma bandeira pra defender. E o pior: sempre querem saber a sua. E sempre que podem debocham: "E aí, foi golpe?" Pra mim foi. Foi não, está sendo. Um não, vários. Todos os dias, de todos os jeitos, por todos os lados. Há muito tempo.

Nota sobre quando a arrogância te empurra de cima do muro


Publicado no Facebook em 27 de Outubro de 2014

Tenho visto no meu feed algumas opiniões bem radicais sobre o resultado das eleições para presidente, construídas aparentemente por muita leitura de memes e sacadinhas de twitter, que seriam até muito bem aceitas em alguns grupos de pessoas, já em outros grupos seriam classificadas como aquilo que Jean-Paul Sartre referiu-se como nada.
Mas serei mais simplório no meu relato, porque, ao que parece, levo minha vida às custas de quase metade da população brasileira que, ao contrário de mim, trabalha. Então prefiro me fazer entender para que essas pessoas, que se autodenominam elite, possam saber que o suor do seu esforço e a energia dos seus aparelhos de ar-condicionado no escritório estão sendo bem empregados na minha educação.
Antes que pensem e digam mais besteiras, saibam que para ser um esquerdista caviar, só me faltam duas coisas:
1 - Ser de esquerda
2 - Ver um caviar de perto.
Cheguei até o último minuto das eleições, sem convicção do meu voto, embora já tivesse a certeza dele há algumas semanas. Naveguei dos dois lados, fiz o advogado do diabo (dos dois diabos) inúmeras vezes desde o final do 1º turno. Pesei os prós e os contras e tomei minha decisão de voto.
Tomei partido.
E minha escolha se fez convicção no primeiro minuto após o anúncio da vitória da candidata a reeleição. Já nas primeiras manifestações de ódio no Facebook e Twitter, o discurso da intolerância, do preconceito e da vontade de gritar sem porra nenhuma a dizer (vindos principalmente de pessoas com opiniões políticas menos bem preparadas que uma macarronada feita por um Neosoro) fizeram eu ter certeza de que apoiei o candidato certo.
Tendo seu voto vencido ou não, estamos no mesmo navio, e por mais que haja pessoas com iates para pular fora caso ele afunde, votei pensando naqueles que nem jangada tem, porque, quando a fome aperta, não dá pra raciocinar com quantos paus se faz uma canoa.

Sertão de Sergipe - Janeiro de 2014