segunda-feira, 8 de abril de 2013

Vozes


É que tem um cara.
Ele tem aproximadamente a minha idade. Pode parecer estranho, mas ele fala comigo o dia inteiro, contando-me suas histórias e as histórias de outras pessoas. Aparece um pouco antes da minha mente pegar no sono e algumas vezes durante o café da manhã. Não sei sei é por causa do estado reflexivo que o barulho da água me induz, mas ele aparece bastante quando estou no banho ou lavando o rosto. Não é uma regra, mas acontece com frequência.
O que é pior, como se não me bastasse todos estes anos com esse cara insistindo para que eu conte suas aventuras, pintaram outros caras e algumas garotas. Uns vem do futuro, outros do passado. Uns das capitais, outros do sertão nordestino. Uns conhecem o amor, outros não fazem a mínima ideia do que é isso.
Hoje à tarde pintou uma menina, quer falar do amor dela por uma pessoa que não está mais presente, não sei se morreu, ou se saiu pra comprar cigarros e ainda não voltou. Ela ainda não terminou de contar sua vida, mas já despertou o meu interesse.

Mas voltando àquele cara, o primeiro que eu falei. Ele me chama muito a atenção, tem muita atitude, quer colocar o bloco na rua e a cara na janela, acho que é por ser o mais antigo e já andar bem impaciente com o meu descaso.
Talvez tenha chegado a hora de buscar outros formatos.
Egoísmo meu compartilhar somente as minhas experiências, já que tem tanta gente por aí com tantas coisas fabulosas pra nos contar e tramas para nos envolver.

Talvez seja hora de dar voz às vozes. E descobrir o que elas realmente tem a dizer.

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