quinta-feira, 25 de abril de 2013

Deita aqui, mas deita até a sexta virar segunda




Deita aqui, mas deita sem pressa, deita a semana inteira. Vem e se encaixa no meu abraço, até que a lua dê espaço e o sol invada a nossa cama, daí a gente levanta só pra poder deitar de novo mais tarde.
Deita comigo até que os olhos se revirem, até que os lábios sussurrem, os lençóis se embolem e o controle da TV desabe. Deita comigo até não termos mais forças e nem motivos para ficarmos de pé.
Deita aqui, até que o café esfrie, até que a cerveja esquente. Deita aqui e me olha com esses olhos assustados, fica do meu lado até as folhas despencarem e o frio bater à porta, e, quando as flores brotarem e anunciarem outra estação, deita comigo no parque, porque é primavera, meu bem, morde uma fruta enquanto as crianças correm no gramado, deita comigo porque, nesta época, a vista da Quinta é ainda melhor.

Deita comigo em São Cristóvão, deita comigo no Arpoador, deita comigo em Santa Tereza, e, quando a barriga estiver doendo de tanto rirmos com os amigos, deita comigo no táxi, ou melhor, podemos ir sentados pra evitar o enjoo, mas quando chegarmos em casa, deita do meu lado, porque o teto não cobra ingresso pra gente vê-lo girando.

Deita aqui até a sexta virar segunda, depois me leva contigo pro consultório, que eu te trago comigo pro escritório, então deitamos de novo, no conforto do amor tranquilo, naquela rede onde o coração repousa, e se eu, sem querer, te magoar, baixa a guarda, deita aqui e me perdoa.

Vem e deita no meu ombro, enquanto eu pego no sono assistindo nossa série preferida e só desperte quando meu braço estiver formigando, porque o que faz e sempre vai fazer você especial pra mim, são noites como esta.
De braços formigando.

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